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13/03/2011

Por uma música melhor

Há tempos sinto falta de presentear os meus ouvidos, com melodias suaves e letras inteligentes. Músicas que me façam sentir um pouco parte do que elas dizem, que entrem no meu corpo e aos poucos me faça mexer um dedo, depois o outro e quando me vejo, estou requebrando pela pista.

Pelo que me lembro, até uns dois ou três anos atrás, os grandes sucessos, eram criados por artistas com mais de 15 anos de carreira, cantores calejados pelo glamour e pela longa estrada percorrida. E eu vivia me perguntando: o que houve com a nossa música? O que houve com o nosso senso crítico musical? É fato e totalmente aceitável, que tenha havido uma mudança na forma de criar canções e interpretá-las e afins, mas falta de qualidade é inaceitável!Cadê a criatividade?

Os nossos pais e até alguns próprios leitores, devem lembrar, por exemplo, que o rock abordava questões políticas fortes, revolucionárias. E quem viveu a época do Tropicalismo? Caetano, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, entre outros, que foram reprimidos e exilados, por escreverem sobre a realidade e atacar, de forma sutil e inteligente, a ditadura. E o samba? Era um movimento característico da malandragem, das rodas no fundo de quintal, de letras que falavam sobre o cotidiano, a vida, enfim, por mais parecido que fosse, não era igual.

Eu, como cantora, que ainda tem muita coisa para aprender, me preocupo com o que os meus filhos, filhos dos meus filhos e assim por diante, vão ouvir e curtir. Espero conseguir, pelo menos em casa, passar as minhas referências musicais e desenvolver a curiosidade pelo conhecimento e estímulo a inovação sem perder a raiz, o conceito.

Fico feliz em ver surgir, nomes como Roberta Sá, Ana Canãs, Tiê, Maria Gadú e sua trupê de amigos,Tulipa Ruiz, Thiago Petit entre outros, que estão trazendo de volta a essência e o gosto apurado pela música. Excelentes cantores que com pouco, faz muito por este cenário, que na minha humilde opinião, virou um clichê musical. E ainda tem muitos artistas bons, que não foram descobertos, pois a mídia é ridiculamente capitalista: se a sua imagem não vende, logo o seu talento não serve. É um pena, pois se os grandes investidores escolhessem melhor, em quem aplicar os seu dinheiro, o mercado fonográfico sofreria uma alta considerável e o retorno tanto cultural quanto monetário, seria muito maior.

O que faço aqui, não é crítica a um estilo específico ou artista e sim ao geral da música brasileira. Merecemos ligar o rádio e ouvir letras e melodias que nos toquem carinhosamente e não que agridam a nossa sensibilidade. E como minha mãe dizia, se conselho fosse bom, não se dava, se vendia, então se me permitem, gostaria de compartilhar alguns nomes dos quais eu aposto no talento para atingirem o sucesso: Sandália de Prata, Black Sonora, Balaio de Maria, João Sabiá, Tito Amorim, Renata Fausti, Vanessa Jackson, Fael Mondego, Fábio Cadore, Julia Simões e Menina do Céu.

Apreciem, degustem, obsorvam e critiquem, pois é para isso que somos feitos.

Viva a música de qualidade. 

Beijo  
Juliana Cunha


5 comentários:

  1. Eu normalmente digo que não existe música boa ou ruim.
    Acredito que seja questão de cultura, região, educação.
    Achei o texto de muito bom gosto e concordo que a música de hoje já não tem tanta graça embora todos esses artistas citados aí sejam bons e amo vários deles...Mas voltando ao meu raciocinio:
    Uma pessoa que nasce na periferia e cresce ouvindo funk e rap vai achar que esse estilo é o melhor e mais bonito, é fato que existam as exceções mas normalmente vejo o gosto musical por aí...
    Não acho bacana essa moda colorida, mas respeito porque é aquela coisa de "happy rock" que eles querem transmitir, e acredito que seja uma fase...
    Infelizmente a música de hoje que ser vendida, já não tem mais apelo social ou poesia.

    Enfim, adorei o post e a forma que sua opinião foi colcada.

    Um grande beijo!

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  2. Se puder por favor dar sua opinião nesses posts :D
    http://samianascimento.blogspot.com/2011/02/varandistas.html

    http://samianascimento.blogspot.com/2010/11/cidade-maravilhosa.html

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  3. Concordo com vc Sã, mas mais uma vez digo que não falo do estilo e sim da qualidade, independente. Que seja regional, funk, rock, samba, axé...Mas qualidade é imprescindível.

    Valeu pelo comentário

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  4. Own... minha Juzinha sempre me matando de orgulho!!!

    Amo.
    =)

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  5. Muito orgulho também, Jujuba!
    Belo texto.

    Concordo em gênero, número e grau com todas as suas considerações.

    Te amo.
    Beijos!

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