Era uma segunda feira, posterior a um feriado prolongado e prevista para ser a madrugada mais fria do ano, em que o Festival “Harmoniza Vila” teria como atrações a Velha Guarda da escola de samba ‘Rosas de Ouro’ e a cantora Maria Gadú no ‘Seu Boteco’, localizado na Vila Madalena. Sabíamos que muitas pessoas iriam ao bar mesmo sem terem feito reservas de mesa por telefone (esgotadas já no primeiro dia de divulgação do evento), pois a atendente informou que as janelas ficariam abertas e que daria para assistir satisfatoriamente ao show do lado de fora.
Muita gente chegou bem antes do horário previsto para o início das atrações, que seria as 19h30. As 17h30, a calçada do local já estava cheia, e havia a esperança de conseguir entrar caso houvessem algumas desistências.
Por volta das 19h, a responsável pelo acesso à casa pediu que uma fila fosse feita para que fossem liberadas algumas mesas. Após duas ‘rodadas’ de fila, as meninas do ‘Bela Flor’ ali presentes conseguiram entrar e se acomodar (e fugir do frio também, já que a temperatura era baixa). Apenas cerca de 25 pessoas ‘avulsas’ entraram, e a grande maioria restante ocupou toda a esquina e as ruas de cima e lateral do ‘Seu Boteco’.
A apresentação da Velha Guarda da ‘Rosas de Ouro’ animou o pessoal e esquentou as meninas do FCO, pois nossa mesa ficava bem em frente da ‘roda de samba’; e sim, arriscamos um sambinha ao som do ‘Hino do Pavilhão’ da Escola, de ‘Mas que Nada’ e do ‘Samba Enredo’ Campeão de 2010 sobre o cacau.
O bar era bem apertadinho, e estava com a lotação máxima (ou será excedida?!). Maria teve que passar toda espremida entre nossa mesa e o balcão do bar para chegar ao palco. A euforia foi evidente, tanto do pessoal que estava acomodado na área interna como do pessoal da rua.
Gadú, como sempre muito sorridente, deu início ao seu show, acompanhada apenas do seu próprio violão e de Maycon Ananias, o tecladista da banda. De certa forma, foi um espetáculo já muito conhecido por nós, mas se tratou de um singular e único momento. O fato de ser somente o violão e o teclado fez com que alguns arranjos fossem revelados em proporções ainda não presenciadas: alma pura transbordando em sons distintos e complementares costurados pela voz incrível de Maria Gadú.
Marcamos presença com nossas ‘coreografias’ e com nossa toada em ‘Bela Flor’, com a frase “Encanta, colore e faz bem”, situação em que passamos a ser uma espécie de ‘solista coletivo’... A artista ofereceu ‘seu microfone a nós’ e apenas sorriu, em forma de agradecimento.
Leandro Léo participou como de costume e fez a apresentação solo de ‘João de Barro’, sendo que nesse momento, Maria se tornou uma espectadora-fã ao descer do palco e se acomodar em uma das mesas centrais.
A cantora conversou e interagiu com o público de fora que assistia pela janela, e admitiu que nunca conseguiria ler uma placa que estava erguida, pois estava sem óculos e não enxergaria qualquer letra ali escrita. Atendeu ainda ao pedido do público que estava na lateral externa do bar, único lugar em que os vidros permaneceram fechados, talvez por segurança. Quando percebeu que as pessoas gritavam para abrirem o vidro, ela exclamou: “Eu juro que não tenho a chave! Quem tem a chave? Ninguém?! Ninguém mesmo?!“. Passados alguns segundos, a direção do ‘Seu Boteco’ informou que abririam um pouco o vidro, e Maria comemorou: “Olha como é bom fazer as pessoas felizes. Que legal, véio!”.
Um assunto foi recorrente durante as falas da cantora: a SAUDADE que ela tem de São Paulo, dos amigos e do tipo de show/som que são feitos nos bares daqui! Em seu melhor viés de expressão de sentimento, Maria decidiu cantar a música “Veja bem, meu bem” à capela, e se emocionou muito no trecho: “Se eu te troquei/ Não foi por maldade/ Amor, veja bem/ Arranjei alguém chamado saudade”. O público só aplaudia e gritava, pedindo para ela voltar à cidade natal e chamando-a de linda! Um sentimento de acolhimento!
Gadú agradeceu ainda a presença das meninas do ‘Bela Flor’ de forma extremamente carinhosa e calorosa! Certamente todos os presentes saíram com a sensação de que a cantora ali presente, além de dona de uma voz indescritível, transborda emoção por meio do olhar, do sorriso, da fala, dos gestos e da atitude de respeito perante o seu público.
Para finalizar, talvez buscando o início de tudo: Sim, ela é a “Maria... Maria Gadú”! http://www.youtube.com/watch?v=-vLDd_7BsG0
Imagem: Juliana Presto
Por Juliana Presto
Beijos,
Equipe FCO Bela Flor
Puuuxa, adorei o texto. Gostei muito mesmo! rs Pude me emocionar e sentir um pouquinho o clima do show que, infelizmente, perdi.
ResponderExcluirE a referência final é perfeita! Sim, ela é a “Maria... Maria Gadú”! [2]
Juliana, parabéns e obrigada.
Bjos
De São Paulo para o mundo!
ResponderExcluirBeijoooos
=**
Foi muito emocionante,a SAUDADE por ela sentida foi acompanhada de lágrimas,esse momento vai ficar para sempre em nossas memórias,a capela digna de uma grande cantora que com seu canto nos emociona!Ela vai fazer história isso não tenho dúvida.
ResponderExcluir